O estilo dos anos 50 foi uma continuação dos anos 40, e do período pós guerra, em especial. Na época da Segunda Guerra, as mulheres usavam chapéus para ter mais variações de guarda roupas, para manter o ânimo durante o conflito e também para cobrir o cabelo sujo.
No início dos anos 50, ainda se segue as tendências da década anterior, em especial do final dela. Mas é nessa época que começa a acontecer também algo curioso e pouco explicado ainda hoje por estudiosos: o uso do chapéu começa a decair. A verdade é que, ao poucos, depois da Segunda Guerra Mundial, o chapéu foi perdendo sua importância e papel social, e seu uso foi decaindo. Nos anos 50, já existia uma tendência entre as gerações mais jovens de não usar o chapéu. Especialmente para quem tinha menos de 20 anos de idade. Tanto nessa década quanto nas seguintes, ele seria mais usado pelas classes mais altas, que consumiam moda de alta costura. E também deixado cada vez mais para ocasiões especiais.
Mulheres mais jovens, e de classes mais baixas (ou classe trabalhadora) evitavam o uso de chapéus, exceto para ir à igreja ou fazer compras, assim como também as que seguiam tendências mais modernas de moda. As mulheres que continuavam a usar chapéus eram geralmente mais maduras e mais ricas, vivam em grandes centros urbanos ou tinham posição de status social.
Apesar de o uso dos chapéus ter decaído a partir da década de 50, e também de serem frequentemente deixados para ocasiões especiais, os modelos usados nessa época continuam sendo usados ainda nos dias de hoje.
A tendência de penteados bufantes no final da década também contribuiu para a queda do uso de chapéus. Em 1958, foi registrada uma queda de 37% nas vendas de chapéus nos EUA. Alguns modelos de copa grande conseguiram se manter em alta, por poderem ser usados com penteados bufantes, como o Lampshade Hat, e o Cloche quadrado usado já nos anos 30 e 40, inspirado no Bonnet vitoriano e também chamado de Bucket ou Peach Basket. Esses modelos continuariam em alta também nos anos 60 (mas não teriam o mesmo sucesso com as gerações jovens).
O cloche e outros modelos que acomodavam
penteados bufantes foram favorecidos
no final da década
Continuavam populares nos anos 50, especialmente no início da década, chapéus de tamanho pequeno, como o Mini Pillbox e outras versões desse chapéu, e também outros modelos pequenos, como o Half Hat, o Calot, o que seria chamado no Brasil de Casquete (o nome só existe no Brasil, e se refere a um chapéu pequeno e sem abas, frequentemente chamado em outros países de Cocktail Hat).
Modelos pequenos continuavam populares
Apesar dessa popularidade dos tamanhos pequenos, os chapéus de abas largas também ressurgiram ao final dos anos 40, juntamente com o New Look. E assim, modelos como o Cartwheel e o Mushrooom Hat voltam a se destacar, e ganham fôlego a partir de meados dos anos 50. Estes chapéus se tornam ícone de estilo e elegância, assim como chapéus que imitavam formatos de pratos.
Os chapéus eram feitos de palha, feltro, veludo, telas, renda e cetim. Alguns modelos de inverno também eram feitos com pele. Eram usados nas mais variadas cores, e combinados com a mesma cor da roupa. As penas eram muito usadas para os enfeites. Outros enfeites comuns eram contas, laços, flores e voilettes. Os chapéus e acessórios eram presos com elásticos, pentes e presilhas.
Diferentes chapéus de veludo para mulheres maduras
Pillbox
Assim, como na década anterior, o pillbox continua sendo um sucesso. Os tamanhos mini continuam muito em alta, mas versões de tamanho compatível ao tamanho da cabeça (assim como nos anos 30 e 60) também são muito comuns. Alguns deles ganham alguns centímetros a mais na copa, que aparece um pouco mais alta.
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O Pillbox era muito popular em tamanhos mini |
A popularidade do pillbox cresceu tanto, que ele continuaria sendo usado na década seguinte, transformado em ícone de estilo graças a Jackeline Kennedy.
O pillbox muitas vezes era usado com o Tailleur (terninho feminino popularizado por Coco Chanel), e essa combinação era sinônimo de elegância.
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O Pillbox costumava ser usado com tailleur, e era sinônimo de elegância. |
Alguns modelos eram simples e sem enfeites. Outros eram enfeitados com contas flores, franjas, drapeados, frutinhas e enfeites delicados. Muitos deles possuíam voilettes.
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Os modelos de Pillbox eram comumente enfeitados com pregas e drapeados. Muitas vezes possuíam voilette. |
Um uso curioso desse modelo de chapéu, em meados da década, era um mini pillbox, usado na parte de trás, cobrindo o coque, geralmente com um lenço amarrado que caía na direção dos ombros. Seguindo essa mesma tendência, também se usava lenços no lugar desse mini pillbox, assim como pequenos acessórios semelhantes feitos de crochê ou de tecido. Esse acessório era chamado de Chignon Cap.
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O Chignon Cap era um "falso" mini pillbox, usado na parte de trás do cabelo para cobrir o coque |
As Boinas
Assim como nas décadas anteriores, as boinas continuam em alta: Beret e Tam Hat. Usadas desde os anos 20, agora elas possuíam um diferencial: algumas vezes eram enfeitadas com contas, pérolas e miçangas, ou mesmo tinham alguns enfeites simples de cores contrastantes (como tiras, tranças e laços).
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Os modelos de Beret e Tam Hat muitas vezes eram enfeitados com laços. Alguns eram bordados com pérolas ou miçangas. |
A partir da metade da década, até o fim dos anos 50, as boinas vão perdendo a popularidade.
Cloche
O cloche ainda era usado nos anos 40, mas já não fazia o mesmo sucesso. Já havia modelos mais quadrados, inspirados em modelos de bonnet vitoriano. Em 1953, Christian Dior decide fazer um revival do cloche, trazendo esse modelo quadrado, que lembrava muito pouco do modelo original dos anos 20. A copa era mais profunda, e adicionava alguns centímetros à altura da cabeça. Além disso, não era tão justa na cabeça.
Esse modelo quadrado de cloche muitas vezes era também chamado de bucket ou de Peach Basket. Eles eram vendidos em uma variedade de tons pastéis coloridos (candy colors). Feitos de feltro, veludo, ou mesmo com textura de peles. Os enfeites eram minimalistas, como uma tira de fita com um broche, por exemplo. Os primeiros modelos, muitas vezes tinham a copa um pouco mais arredondada, com abas curtas. Os posteriores tendiam cada vez mais a uma copa mais achatada e angulosa.
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Também chamado de bucket, o cloche dos anos 50 tinha um formato mais quadrado, diferente dos usados nos anos 20 |
Com a moda dos penteados bufantes do final dos anos 50, o cloche, que acomodava penteados altos, teve o uso favorecido.
A moda dos penteados bufantes
favoreceu o cloche e outros modelos
que acomodavam penteados altos.
Turbantes
Usados desde os anos 20 e 30, o turbante continua uma tendência, em especial os chapéus com esse formato. O uso de lenços com essas amarrações se torna menos comum do que o uso de chapéus (ambos muito usados nos anos 30 e 40). Eram usados à noite, e geralmente feitos de veludo ou cetim. Muitas dobras e pregas torcidas no topo davam um ar elegante e dramático. A decoração se tornou simples e minimalista, se resumindo a pregas, ou com um broche de pedras no topo. O estilo desses turbantes influenciou outros modelos de chapéus, e muitas dessas pregas também eram vistas em outros chapéus.
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O turbante dos anos 50 era cheio de pregas e dobras, e frequentemente enfeitado com um broche |
Chapéus pequenos: Juliet Cap ou Calot, Casquetes e Half Hats
Seguindo as tendências da década anterior, diferentes modelos de chapéus pequenos faziam sucesso. Em especial, o calot, o half hat e modelos que seriam conhecidos no Brasil como casquetes (chapéus pequenos e sem abas, geralmente chamados em outros países de cocktail hats), além de caps em geral.
Diferentes modelos de chapéus
pequenos faziam sucesso
O Calot, já usado desde os anos 20 e 30, passa a ser usado em um estilo mais “Julieta” (esse modelo também é conhecido como “Juliet Cap”), ou um estilo mais “italiano” como também era chamado. Costumava ficar na parte de trás da cabeça, cobrindo boa parte dela. Vem daí o nome “coquinho”, como ficou conhecido no Brasil. É o estilo usado por Audrey Hepburn no filme “Sabrina”. Muitas vezes, o modelo que cobria a maior parte da cabeça também era chamado de Helmet. Frequentemente, os caps possuíam voilettes, que buscavam atrair a atenção para os olhos, muito mais do que cobri-los. Eram encontrados em diferentes cores.
Diferentes modelos de caps
eram muito populares
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Audrey Hepburn usando o Juliet cap no filme "Sabrina" |
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O Juliet Cap dos anos 50 costumava ficar na parte de trás da cabeça, e era encontrado em praticamente todas as cores |
Um modelo interessante de cap, ou chapéu pequeno, emblemático dos anos 50, foi o Circle Hat. Era um chapéu em forma de círculo, criado por Lilly Darché em 1953, que muitas vezes consistia em uma sobreposição de vários círculos de tecido ou feltro.
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O Circle Hat consistia em uma sobreposição de vários círculos de tecido |
O Half Hat, que
significa “meio chapéu”, foi um modelo que, como o nome diz, cobria meia
cabeça. Ou menos. Alguns modelos de Half
hats ou similares também chegaram a ser chamados de Bandeau, e tinham um formato semelhante a uma tiara. Esses modelos
também eram chamados de beaucoiffs ou
whimsies. Eram modelos leves e não
incomodavam a quem usava. Um outro modelo comum dentre esses tipos de chapéus
pequenos era o Crescent Hat, muito
semelhante ao Half Hat, com um
formato semelhante ao da lua crescente.
Diferentes modelos de half hats,
crescents e caps eram populares.
A maioria possuía voilette.
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O Crescent era muito semelhante ao Half Hat e tinha formato de lua crescente |
Era comum ver esses diferentes modelos de chapéus pequenos cobertos de penas, o que dava a impressão de pequenas perucas sobre o cabelo de quem os usava. Muitos modelos eram decorados com flores (às vezes muitas flores, e até cobertos delas), mesmo durante o inverno. Essa tendência surgiu a partir da coroação da rainha Elizabeth II, em 1954. Era muito comum ver diferentes modelos de caps decorados inteiramente com flores.
Chapéus pequenos decorados com penas
davam a impressão de pequenas perucas
Muitos modelos de chapéus pequenos
eram decorados com flores
Cartwheel
No final dos anos 40, período pós guerra, o Cartwheel tem um revival promovido por Christian Dior, e aparece associado ao estilo New Look, passando a ser um símbolo de elegância. O New Look foi referência e influenciou a moda de toda a década de 1950. Na maioria das vezes, por questões práticas, esse modelo foi adaptado e teve as abas reduzidas para facilitar o dia a dia das mulheres que o usavam. Eram decorados de forma simples com fitas e laços.
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O Cartwheel foi símbolo do New Look |
Eram feitos de feltro, palha, tela, renda, seda e outros materiais. Eles eram muito úteis para proteger o rosto do sol. Por isso, muitos dos modelos feitos em palha passaram a ser conhecidos também pelo nome de Sun Hats. Muitas vezes possuíam uma copa bem rasa. Normalmente os modelos feitos de palha eram usados em cores como preto, vermelho, amarelo, azul e branco. Quase nunca na cor natural da palha. Sempre combinados com a cor da roupa.
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Por proteger o rosto do sol, o Cartwheel muitas vezes acabou conhecido pelo nome de Sun Hat |
Outros chapéus de aba larga: Mushroom, Lampshade e formatos de prato
O New Look de Christian Dior não só promoveu um revival do Cartwheel, como também do Mushroom, o chapéu com formato de cogumelo. O modelo que ficou conhecido como o “Mushroom do New Look” era bem diferente dos outros chapéus de formato de cogumelo usados nos século XX e nos anos 20. Era realmente grande e de abas largas.
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Modelo dos anos 50, que ficou conhecido como "Mushroom do New Look" |
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Audrey Hepburn usando o Mushroom Hat |
Nessa década, também surgiram modelos de chapéus inspirados em
pratos, e.... Também com nomes de pratos: Plate,
Platter, Saucer, como eram chamados, eram chapéus semelhantes a uma espécie
de pillbox gigante, mas raso (um
chapéu de formato circular, de copa quadrada e sem abas, mas com profundidade
pequena), e muitas vezes eram confundidos com o Mushroom ou mesmo chamados por esse nome. Lembravam pratos rasos,
pratos fundos ou tamborins, com o topo da copa achatado e reto. Havia modelos
de vários tamanhos, desde os pequenos, pouco maiores do que a cabeça, a tamanho
realmente grandes, que pareciam chapéus de abas largas. O tamanho foi crescendo
ao longo dos anos.
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Alguns chapéus em formato de prato pareciam tamborins, e lembravam pillbox em tamanho grande |
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Alguns modelos eram grandes, de abas largas, e muitas vezes confundidos com o chapéu Mushroom. |
Os enfeites desses modelos de prato variavam: podiam ser discretos, simples e minimalistas, ou chamativos. Os modelos chamativos eram decorados com pregas e babados, além de camadas de penas. Alguns traziam enfeites de broches.
O outro modelo também, erroneamente, chamado de chapéu de prato era o que ficou conhecido como Coolie, Coolier, ou Sedge Hat. Inspirado no chapéu de agricultores vietnamitas, é um chapéu cônico de origem asiática. Também se tornou popular nos anos 50, e geralmente era usado com voilette. Anos depois, o termo “coolie” foi considerado pejorativo e racista. O melhor então seria chamar de algum termo menos ofensivo, como Sedge Hat, ou mesmo chapéu cônico ou chapéu vietnamita.
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Popularizado nos anos 50, o Sedge Hat é um chapéu de origem vietnamita |
Outro símbolo do New Look foi o Lampshade Hat. É um modelo de chapéu que se parece com uma luminária ou abajour, lembrando um cone, mas com o topo da copa reto. Lembra tanto o modelo pillbox quanto o modelo Peach Basket, também conhecido como bucket (em português, "balde"). Algumas vezes, o termo lampshade também já foi usado erroneamente para descrever os modelos Sedge Hat e Mushroom.
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Audrey Hepburn usando o Lampshade Hat |
No início, o Lampshade foi visto com estranheza, mas ao longo da década, ele fez muito sucesso e se consolidou, e por volta de 1956, passou a fazer mais sucesso do que o Mushroom tradicional. Ele continuou sendo muito usado também ao longo dos anos 60. Esse modelo aparecia tanto nas versões simples quanto nas decoradas.
Outros Acessórios a destacar
Outro acessório diferente da época, que não deixa de ser uma espécie de chapéu era o frame hat. Algumas vezes também chamado de Ring Hat, ele nada mais era do que uma espécie de pillbox sem o tampo, um chapéu aberto. Era uma tira que rodeava a cabeça, sem o tampo, feita de diferentes materiais e com enfeites variados. Podia ser feito em telas, feltro, veludo ou cetim. Muitas vezes enfeitadas com flores, laços, fitas ou pregas de tecidos.
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O Frame Hat costumava ser enfeitado com laços, e geralmente era usado com voilette |
Como já sabemos o voilette estava presente em muitos dos chapéus. Mas é interessante observar que mesmo nos anos 40, ele já era usado sem o chapéu. Muitas vezes com flores, ou mesmo sozinho. Nos anos 50, isso não deixou de existir. É interessante perceber que, nessa década, usava-se modelos de cabeça inteira, ou seja: que cobriam toda a cabeça, incluindo o rosto e a parte de trás. Muitas vezes, chegava à altura do queixo. Boa parte das vezes, esse modelo era acompanhado de flores. Algumas vezes era usado sozinho, ou com um chapéu pequeno, ou mesmo com um frame hat.
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Modelos de voilette eram usados cobrindo na cabeça inteira |
Além da chapelaria, volta a aparecer a tiara. Tudo por influência da rainha Elizabeth II, coroada em 1953. Ícone de estilo, a rainha impulsionou o Lady Like e o “estilo princesa”, que estava em alta na época. A coroação influenciou a volta do uso de tiaras em festas, especialmente as feitas com joias, pérolas e brilhantes, como nos anos 20.
Elizabeth Taylor e Audrey Hepburn
usando tiaras de joias
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