Por volta dos anos 30 e 40, um estilo
de arte fez muito sucesso nos EUA. Essa arte existia na forma de desenhos,
ilustrações e fotografias, e retratava mulheres em poses sensuais, mas ao mesmo
tempo com um ar de inocência. O famoso "Sexy sem ser vulgar" (que,
como sabemos, sempre foi a fantasia dos homens: a mulher sexy e ao mesmo tempo
recatada). As ilustrações eram feitas para pendurar, e daí o nome "pin
up". O auge deste estilo de arte foi nos anos 40, quando os homens foram à
guerra, e levavam as ilustrações, calendários e fotografias, para olhar belas
garotas, enquanto estavam longe de casa. Alguns dos ilustradores mais famosos
foram Gil Elvgreen, Alberto Vargas e Earl Moran. Este estilo de arte deu origem à cultura Pin Up, como é conhecida nos dias de hoje.
Há quem diga que a arte tem suas
origens no século XIX, com a arte dos cartazes do teatro de revista. E há quem
diga que além do sucesso dessa arte ligada aos espetáculos, houve uma arte
norte americana que retratava as mulheres de uma forma considerada nova.
A Garota Gibson
Em 1890, o ilustrador norte-americano
Charles Dana Gibson criou a imagem da mulher que ficou conhecida como “Garota
Gibson”, em ilustrações publicadas na Revista Life. Ele se inspirou em sua bela e jovem esposa Irene Langhorne e
suas quatro irmãs, para criar um estilo de mulher independente, jovem e bela,
da virada do século. Era um modelo de beleza de mulheres esguias e cheias de
curvas, de cintura fina, de forma que não era considerada vulgar ou indecente.
Os cabelos eram presos no alto da cabeça, formando um volume bufante. Era
elegante e feminina, pertencente à alta classe e sempre bem vestida. Era bela e
mantinha-se sempre confiante, serena e independente, e buscava sua satisfação
pessoal. Apesar de procurar retratar uma mulher independente, a garota Gibson
nunca se envolvia diretamente em assuntos políticos, e nunca lutava pelo
direito ao voto. Mas aparentava ser sexualmente dominante. Geralmente, a Garota
Gibson era solteira e esperava um romance que a tirasse do tédio. Quando
casada, era uma mulher que não acreditava no romantismo no casamento, mas que
se divertia com as amigas e os filhos. A modelo Gibson mais famosa foi a atriz
belga Camille Clifford.
![]() |
A Garota Gibson era independente, mas não se envolvia diretamente em política. |
Na mesma época, surgiu o conceito da
“Nova Mulher”. Esta se envolvia diretamente em questões políticas, e era um
exemplo de mudanças e rupturas dos velhos padrões sociais, exigindo direitos
educacionais e trabalhistas iguais, assim como a reforma progressista, a
liberdade sexual e o direito ao voto. Era, portanto, um conceito muito ligado
aos valores do movimento feminista. A diferença entre ela e a Garota Gibson era
justamente o fato de que, apesar de a Garota Gibson assumir muitas das
características na Nova Mulher, ela não se envolvia diretamente em questões
políticas e nem na luta por direitos; e assim, não foi considerada uma figura
que estivesse “usurpando” funções tradicionalmente consideradas como
masculinas, ao contrário da Nova Mulher. Com o sucesso da Garota Gibson, outras
revistas seguiram o estilo da Life.
Assim, a “Garota Christy”, criada por Howard Chandler Christy, surgiu na “The Century Magazine”; e a Mulher
Maravilha, de Harry George, surgiu na Sensations
Comics. A garota, Fisher, criada por Harison Fisher, também surgiu nas
ilustrações da Puck Magazine e da Metropotlitan.
![]() |
A Garota Christy |
![]() |
A Garota Fisher |
![]() |
A Mulher Maravilha, de Harry George fui influenciada pela Garota Gibson |
O trabalho de Gibson e de Christy também
serviria de influência para Gil Elvgreen, que seria um ícone da arte pin up,
anos mais tarde.
Primeira Guerra Mundial
Durante a Primeira Grande Guerra, o
presidente dos EUA, Woodrow Wilson, formou a divisão de Publicidade Pictorial,
para inspirar as tropas a lutar e incentivar o patriotismo. A campanha incluía
belas mulheres vestindo uniformes militares de forma sensual, com mensagens de
incentivo ao alistamento militar. Desenhadas por Harisson Fisher e também por Howard
Chandler Christy, que já possuía experiência em ilustrações de guerra. O
esforço das Pin Ups em prol do patriotismo e servindo de inspiração a tropas
reapareceria na Segunda Guerra Mundial, e de uma forma mais semelhante às pin
ups que conhecemos hoje.
![]() |
Ilustrações de Christy na propaganda da Primeira Guerra Mundial. |
Teatro de Revista e sua
influência na arte Pin UP
Os ilustradores Alphonso Mucha e Jules Cheret foram muito
influentes nas ilustrações europeias, e influenciaram a arte pin up que
conhecemos hoje. Em Paris, no final do século XIX, eles pintavam pôsters para o
teatro, com belas mulheres em poses sensuais. Os dois artistas foram os
pioneiros na arte publicitária, além de ícones da Art Nouveau. Esta arte de
pintar pôsters também estava no continente americano, e em breve, contribuiria
para a arte das “garotas penduradas”.
![]() |
Ilustração de Jules Cheret |
Os Ziegfeld Follies
foram uma série de produções teatrais da Broadway,
em Nova York, apresentadas entre os anos de 1907 e 1931; e que tiveram nova
temporada entre 1934 e 1936. As peças deram origem a um programa de rádio,
veiculado entre 1932 e 1936, chamado “The
Ziegfeld Follies on the Air”. Inspirados pelo Folies Bergère parisiense, os espetáculos foram concebidos e
montados por Florenz Ziegfeld, por sugestão de sua esposa, a artista Anna Held.
As coristas das Ziegfried Follies
diziam ter “afrouxado os espartilhos das meninas Gibson”, e se tornaram famosas
por sua beleza entre os anos 1910 e 20. E assim, essas garotas começam a ser
retratadas seminuas.
![]() |
Pôster da Ziegfedl Follies, de 1912 |
As Garotas Ziegfelds são consideradas as primeiras pin ups cheesecake dos anos 20. Algumas das
modelos pin up se tornaram atrizes, como Joan Crowford e Lucile Ball. Na década
de 20, se destacam na arte pin up os ilustradores Enoch Bolles, George Quintana
e Earl K. Bergey.
![]() |
Ilustrações de Enoch Bolles |
Os Ziegfelf Follies
também revelariam o ilustrador Alberto Vargas, que seria uma forte referência
na arte pin up alguns anos mais tarde. Vargas também foi criador de muitos
cartazes de cinema famosos. Além da indústria do cinema, as corporações e
agências de publicidade também começam a disputar artistas talentosos para a
criação de campanhas publicitárias.
Anos 40, Segunda Guerra e o auge das Pin Ups
O auge da arte pin up acontece nos anos 40, impulsionada pela
Segunda Guerra Mundial. Assim como na Primeira Guerra, mais uma vez, a
ilustração de belas garotas serve de inspiração para as tropas. Se destacam o
trabalho de grandes ícones da arte pin up, como Earl Moran, Gil Elvgreen e
Alberto Vargas. Muitas vezes, os ilustradores tinham como modelos famosas
atrizes de Hollywood, como Betty Grable.
As garotas Pin Up não só estão em todos os armários de
soldados e oficiais durante a guerra, como estão também presentes nas “Art noses”, imagens postadas em caças e
aviões de carga. As art noses também
ilustravam bombas, como uma espécie de diversão sarcástica das tropas; e é daí
que surgiu o nome “BombShell”, dado a
pin ups extremamente sensuais.
![]() |
Ilustração da Segunda Guerra Mundial, de Alberto Vargas. |
Ícones da arte Pin Up
Gil Elvgreen é muitas vezes considerado o melhor artista da
época. Influenciado pelo trabalho de Charles Dana Gibson, Andrew Loomis e
Howard Chandler Christy, ele começou sua carreira em ilustrações pin up já nos
anos 30, tendo começado a pintar calendários Pin up em 1937, para Louis F. Dow,
uma das maiores editoras dos EUA. Muitas de suas pin ups foram reproduzidas
durante a Segunda Guerra em art noise. Entre os anos 1930 e 1972, Elvgreen produziu
mais de 500 ilustrações pin up. Uma importante característica de suas
ilustrações é que suas garotas estão sempre em poses e situações que provocam o
imaginário masculino, de forma ousada, com suas típicas caras e bocas e
situações acidentais que revelam sua sensualidade ingênua.
![]() |
Ilustrações de Gil Elvgreen: artista foi considerado o melhor da época |
Alberto Vargas também teve suas ilustrações reproduzidas em art noses durante a guerra. Vargas
começou sua carreira nos Ziegfeld Follies,
e começou a pintar cartazes para divulgar os filmes de Hollywood. A pintura da
atriz Olive Thomas feita para a divulgação de uma peça de teatro ficou muito
famosa, e ela ficou conhecida como uma das primeiras garotas de Vargas. Mas seu
trabalho mais famoso foi o cartaz para o filme “The sin of Nora Moran”, em
1933, que mostra um quase nu de Zita Johan, em pose de quase desespero. Na
década de 40, Vargas produziu muitas ilustrações para a revista Esquire. Entre 1940 e 1946, ele produziu
180 ilustrações para a revista, conhecidas como “Vargas Girls”. O estilo de
Vargas costumava retratar suas garotas de forma mais natural (ao contrário das
poses em situações acidentais de Elvgreen), e muitas vezes incluía a nudez. A
ousadia de sua arte, que muitas vezes trazia a nudez escandalosa, lhe rendeu um
processo que foi levado à Suprema Corte dos EUA, e quase tirou a revista
Esquire de circulação. Ele lutou
financeiramente até 1959, quando a revista Playboy
passou a publicar suas ilustrações. Sua arte também serviu de inspiração para
as futuras fotos de mulheres nuas, publicadas por revistas como a Playboy, que
também publicou seu trabalho entre os anos 60 e 70.
![]() |
"Memórias de Olive", ilustração da atriz Olive Thomas, de 1920. |
Earl Moran também começou sua carreira nos anos 30, criando
ilustrações para calendários pin up da empresa Brown & Bigelow. Milhares de
exemplares de seus calendários foram vendidos. Ele também fez ilustrações de
muitas celebridades, como Betty Grable, Joan Crowford e Marilyn Monroe.
![]() |
Marilyn Monroe: uma das modelos Pin Up de Earl Moran. |
![]() |
Joan Crowford e Betty Grable, em ilustrações de Earl Moran. |
Declínio da Arte
Com o passar do tempo, passou-se a fotografar e não mais
pintar as modelos. Bettie Page foi uma modelo que se tornou famosa por suas
fotos ousadas. Assim, surge a revista Playboy, que usou a arte pin up como
inspiração. Hugh Hefner, seu fundador, acredita que o futuro das garotas está
na fotografia, e publica fotos de Marilyn Monroe na primeira edição, em 1953.
Pouco a pouco, as pin ups foram sendo substituídas por fotos de atrizes nuas e
modelos famosas, publicadas na Playboy. E foi que assim que, a partir dos anos
70, a indústria do sexo e da pornografia acabou com a arte pin up, que foi
caindo no esquecimento.
Foi em 1982, que as clássicas pin ups ressurgiram em uma
exposição organizadas por Louis Meisel e na publicação “Great American Pin Up”,
lançada em 1996 pela editora Taschen. Essa reaparição da arte fez aumentar o
interesse do público norte americano por ela.
![]() |
Clique para conferir os produtos: Colar Camafeu Pin up Pulseira Revestida Poá Camafeu Pin Up Caixa Pin Ups |
Posts Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário