Os anos 40 foram fortemente
influenciados pela Segunda Guerra Mundial, que começou no fim da década
anterior. A guerra modificou a moda de várias formas. Com a ocupação de Paris
pelos nazistas no ano de 1940, muitos estilistas (o termo certo é costureiro!)
se mudaram e fecharam suas Maisons.
Com esse momento de crise da alta costura francesa, os Estados Unidos começam a
desenvolver um estilo próprio de moda. No Brasil, o governo Vargas veta as importações,
e força as classes mais altas a consumir produtos nacionais.
Outra consequência da guerra foi a
escassez de tecidos. O racionamento marcou fortemente as roupas dessa época.
Estavam em falta tecidos como Nylon e seda. A lã também era escassa, já que era
requisitada para os soldados no front. E assim, as mulheres passam a usar meias
soquetes, ou até mesmo a pintar as pernas, para imitar as meias 7/8. Também
adota-se o uso das pernas nuas. E pouco a pouco, as meias deixam de ser um item
obrigatório do guarda-roupas.
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Mulheres
pintando as pernas, para imitar os riscos da meia 7/8, que ficou escassa em tempos de guerra. |
A escassez faz com que as mulheres
passem a reformar antigas roupas, com incentivo de governos locais. Surge então
a customização e o reaproveitamento. Usa-se tecidos como o tweed (mais
resistente), a viscose e fibras sintéticas como o Rayon. Para o inverno, em vez
de lã, optava-se pelo Velveteen (tecido de algodão parecido com o veludo) e
veludo cotelê. A escassez também influenciou a modelagem. A barra das saias e
vestidos subiu e ficou logo abaixo do joelhos, com pregas finas ou franzidas.
Usava-se saia evasê e saia lápis. Os casaquetos ou boleros (casaquinhos curtos)
dos anos 30 também continuam em alta. As roupas tinham um corte reto e
militarizado. Eram justas, com ombros marcados e eram marcadas na cintura.
Nesse contexto de roupas de corte militar, destaca-se o chemisier, o vestido com estilo de uma camisa gigante (até hoje uma
peça clássica).
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Moda
dos anos 40: conjuntos de saia e blazer, chemisier e vestidos de corte militar. |
Eram muito usados os conjuntinhos de
saia e blusa, e principalmente de saia e blazer (que surgiram nos anos 30).
Eram mais versáteis, e podiam ser combinados de diferentes formas. Usava-se
muito conjuntinhos desse estilo feitos de tweed. As jaquetas e blazers tinham
ombros acolchoados e eram marcados na cintura, criando um efeito de leve volume.
Surgem também vestidos que imitam os conjuntinhos de saia com casaco. As roupas
eram sóbrias, inclusive nas cores, que muitas vezes eram neutras. O xadrez era
uma estampa muito usada, mas o poá também continua sendo muito usado. Um
acessório que foi ícone de estilo da época foi o broche de flor de tecido. Marca
registrada da primeira dama dos EUA, Eleanor Roosevelt, ele complementava o
look mais simples das roupas. As bolsas eram de tecido. Um sapato que se
destaca é o modelo peep toes, que
deixa os dedos à mostra.
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Estampas dos anos 40. |
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Moda
dos anos 40: o poá continua a ser usado. |
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Eram
muito usados os conjuntinhos de saia e blazer.
O broche de flor de tecido foi ícone de estilo da época, usado pela primeira dama dos EUA Eleanor Roosevelt. |
A bicicleta era uma forma de
transporte muito usada, e se tornou mais confortável com o uso de saias-calça.
Outra peça que tornava o uso da bicicleta confortável era a calça. A calça já
era usada há um bom tempo, mas ficou mais popular com a ida das mulheres para a
indústria. E com a presença das mulheres na indústria, surge a tendência da
bandana, popularizada por Rosie the
Riveter (Rosie, a rebitadeira), personagem da propaganda de esforços de
guerra. A bandana protegia os cabelos, para que não corressem o risco de serem
puxados pelas máquinas e causar acidentes durante o expediente de trabalho.
Isso era uma medida importante, até porque, nessa época, as mulheres usavam
cabelos mais compridos, por causa da falta de cabeleireiros. Também se
populariza o uso de lenços e de snoods
(as redinhas usadas para prender os cabelos). Os cabelos longos eram usados em
penteados com mechas enroladas. Um bom exemplo é o famoso Victory Rolls, um penteado com duas mechas enroladas em tamanho
grande na frente do cabelo. Para enfeitar, muitas vezes, as mulheres usavam
flores. A maquiagem era mais simples e muitas vezes improvisada com elementos
caseiros. O batom continua vermelho, e muitas vezes, as fábricas reciclavam as
embalagens, que eram novamente enchidas com refis de batom, devido à escassez
de metal.
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A tendência da bandana: segurança e praticidade para as mulheres na indústria, popularizada pela personagem Rosie the Riveter. |
Esse período é o auge das pin ups,
sejam em artes ou em fotografias; e é a partir daí que o termo se populariza.
Soldados levam as imagens das belas garotas para a guerra. Também se mantém a
influência das divas de Hollywood. Os ícones da época eram: Ingrid Bergman,
Lauren Bacall, Judy Garland, Katharine Hepburn, Lana Turner, Jane Russel, Rita
Hayworth, Verônica Lake. Essa última era a referência em penteados. Quem também
faz sucesso internacional no cinema é Carmem Miranda, que exerce influência na
moda, introduzindo elementos tropicais, como estampas de frutas, além do
tamanho exagerado dos acessórios que usava na cabeça.
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Divas
de Hollywood: Jane Russell, Rita Rayworth e Veronica Lake.
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A simplicidade do vestuário fazia com
que as mulheres se voltassem para os chapéus, como ponto de destaque do look, que
apareciam com muitas flores, véus e enfeites. Eram chamativos e criativos. E em
tamanho mini, por causa da escassez de materiais, como os usados na década
anterior. Muitas vezes, eram de feltro, e alguns tinham também estilo militar.
O voilette também se tornou muito popular.
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Mini chapéus eram usados por causa da escassez de material. Eram chamativos, e tinham flores e voilettes. |
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Figurino dos anos 40. |
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Moda
dos anos 40: conjuntos de saia e blazer com mini chapéus. |
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Chapéus
dos anos 40: chamativos, criativos e em tamanho pequeno. |
Outra influência da guerra foi a do
crescimento da indústria de roupas prontas, o Ready to wear, chamado pelos franceses de Pret-a-Porter. Era uma demanda de produção e envio rápido de roupas
para os soldados e também para as operárias das fábricas.
Os estilistas (costureiros!) que
marcaram a época foram: Balenciaga, Givenchy, Balmain. Também se destacaram
Nina Ricci e Marcel Rochas, os primeiros a colocar bolsos nas saias. No Brasil,
Mena Fiala.
Durante o pós-guerra, surge outro
grande nome: Christian Dior, que em 1947, cria o New Look, que seria o estilo que marcaria os anos 50. Saias
rodadas, cintura fina e marcada, o surgimento do peplum moderno (na verdade, a origem do peplum é na Grécia Antiga). Todo o estilo do New Look tinha o intuito de resgatar o conceito de feminilidade e
de luxo e sofisticação.
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O New Look do pós-guerra. |
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