Muito conhecido nos dias atuais como um acessório de
chapelaria da realeza britânica, o fascinator ganhou este nome nos anos 60 e
70. Mas a origem é muito mais antiga: a corte da realeza francesa do século
XVIII. Poderia-se dizer que o acessório remontaria à pré História, com o uso de
enfeites na cabeça. Mas é melhor tratar a história desse acessório a partir de
um momento em que ele é entendido conscientemente como um item de moda.
Nos anos de 1770, Maria Antonieta decidiu enfeitar o penteado
com penas de avestruz e pavão. E assim, a rainha lançou a moda do fascinator.
Mas ele não se resume a um mero uso de penas no cabelo. O século XVIII também
foi o século de um acessório chamado Fontange,
surgido na década de 70 do século anterior. Criado por Mademoiselle de Fontange (Marie Angélique de Escorailles, a marqusa de Fontange),
o acessório consistia em uma estrutura de tecido engomado e armado, em forma de
leque, preso a uma touca de linho, cambraia ou tecido semelhante, que era
encaixada na cabeça e amarrada. Este enfeite em forma de leque geralmente era
feito de renda ou de tecido transparente, e era chamado de pinner. Este pinner era
mantido levantado através de arames que faziam parte da estrutura do acessório,
fixado na parte de trás, com uma inclinação para frente. E uma parte do tecido,
costumava ficar ligeiramente caída atrás da cabeça, como uma espécie de pequena
cauda ou véu, cobrindo o cabelo. Da França, a moda do Fontange se espalhou por toda a Europa entre 1690 e 1710.
A marquesa de Fontange foi a criadora do acessório que ficou conhecido como Fontange
Fontange do século XVII - 1886
Fontange do século XVII 1890-1895
No século seguinte, o fontange
fica cada vez mais refinado e trabalhado, e se popularizou em diferentes
modelos e estilos. Algumas vezes, eram acrescentados laços de fita, além de
muitas pregas. Logicamente, era um símbolo de status social, já que era usado
por mulheres nobres e ricas. Geralmente, as pessoas consideram como fascinators
ou notam apenas modelos com penas. Isso não é uma regra. O fascinator é um
acessório que é por essência algo vistoso, quer tenha penas ou não. Por isso é
importante ressaltar a importância do fontange
como um dos primeiros modelos de fascinators, mais até do que apenas o uso de
penas no cabelo, sem que exista um arranjo elaborado delas.
Fontange do século XVIII
Esses arranjos
surgiram com Maria Antonieta, e se popularizam conforme a altura dos penteados
ia ficando cada vez mais alta. Normalmente, as penas de avestruz eram usadas
nos penteados juntamente com fitas. Com o tempo, esses arranjos de penas também
foram ficando mais sofisticados, com laços, fitas, contas e broches, juntamente
com as penas. Normalmente, eram usados com grandes perucas.
Maria Antonieta criou o fascinator de penas
Os arranjos de penas de Maria Antonieta, no século XVII, foram ficando cada vez mais sofisticados
Surgiram, ainda no século XVIII, modelos de fascinators que
eram uma espécie de mistura do fontange
com o arranjo de penas. Eram acessórios com rendas e laços, que juntamente com
as penas, eram vistos como sinal de indiscrição, e considerados exagerados.
Alguns chegavam até mesmo a imitar pratos de frutas, além de outras
extravagâncias. Também havia modelos feitos de tela (estilo véu) e fitas com
tecidos e laços torcidos.
O fontange se espalhou por toda a Europa, inclusive a Espanha.
Na Espanha, as mantillas,
véus que as mulheres usavam para ir á igreja, passam a ser usados com um grande
enfeite no topo. Eram fascinators também de renda ou tecido, presos por um
pente, e decorados com rosetas e flores de fitas e renda. A versão da mantilla com pinner se tornou um traje típico espanhol, usado até os dias de hoje.
Surgiram versões da mantilla com enfeites ao estilo do pinner
A mantilla com pinner se tornou um traje típico espanhol, usado até os dias de hoje.
Sofia de Espanha usando a mantilla com pinner: traje típico usado até os dias de hoje
No século XIX, o acessório continua a ser usado, muitas vezes
com flores, rendas, babados, penas e laços. Eram usados não apenas por mulheres
jovens, mas também por mulheres maduras ou mesmo consideradas idosas.
Penteados do século XIX
Fascinator do século XIX
O Fascinator ainda era usado no século XIX
Nos séculos XVIII e XIX, os fascinators eram presos a toucas,
bonnets ou gorros, ou mesmo a um véu, e com relação a isso, eram bem diferentes
dos modelos modernos. Nos dias de hoje, eles costumam ser presos por pentes,
arames, presilhas ou clipes, com ênfase somente no volume vertical. O enfoque
fica totalmente voltado para o enfeite. E aliás, muitas vezes, o fascinator de
hoje chega até mesmo a ser apenas “o enfeite do chapéu, mas sem o chapéu”.
Do século XIX para cá, ele entrou um pouco em desuso com a
chegada da Primeira Guerra Mundial. Aliás, mesmo no período da Belle Époque, a
moda era de chapéus maiores e muito enfeitados. Mas chapéus e não fascinators.
Nos anos 50, período do pós guerra e do New
Look, Cristóbal redescobre o fascinator, ao tentar equilibrar o tamanho do
chapéu ao volume do casaco e do vestido. Mas o fascinator moderno, batizado com
esse nome veio do chapeleiro (Milliner) John P. John, também conhecido apenas
como “Mr. John”. Nos anos 60, John fez, em Nova York, chapéus feitos de véus,
que continuavam no topo da colmeia, e os chamou, pela primeira vez, de
fascinators.
Mr John é considerado o pai do fascinator moderno
Nos anos 50, os acessórios parecidos ou similares eram no
máximo chamados de half hats ou clip hats. Mas o nome dado por Mr. John parecia
muito mais atraente e foi uma jogada de marketing realmente inteligente. Ele é
reconhecido por transformar o acessório em um fenômeno moderno e conceitual,
que continuou uma sensação durante os anos 70.
Carmem Dell'orefice usando fascinator criado por Mr John.
Nos anos 90, quem se destacou com a confecção de fascinators
foi Philip Treacy, defendido pela editora de revistas Isabella Blow.
Curiosamente, ele não gostava do termo fascinator, e preferia chamar seus
acessórios apenas de chapéus.
O chapeleiro Philip Treacy não gosta do termo fascinator
Nos anos de 2000, em especial de 2010, os fascinators se
popularizaram ainda mais com os casamentos da família real britânica. Apesar
das controvérsias de quem defende que não é formal o suficiente como um chapéu,
o acessório foi abraçado e se tornou querido das gerações mais jovens, que não
se identificam com chapéus tradicionais.
Os fascinators se popularizaram com os casamentos da família real britânica
O estilo dos
anos 60 foi uma continuação do que aconteceu nos anos 50. Na década anterior, o
uso de chapéus começou a cair em desuso, especialmente entre os mais jovens. E
ficou um pouco mais restrito às mulheres mais maduras e também às mais ricas,
como algo pertencente à alta costura. O chapéu também vai sendo, cada vez mais,
relegado às ocasiões especiais (como é ainda hoje).
Nos anos 60,
essa situação não muda muito. Os chapéus continuam a ser mais usados por mulheres
mais maduras e também mulheres mais ricas, associados à alta costura.Os modelos da década anterior estão ainda
presentes.
Modelos da década de 50 ainda eram usados
Com o surgimento do movimento hippie, muitos modelos de
chapéus aparecem associados aos estilos hippie
e boho, e às ideias de contracultura.
Um dos destaques foi o Floppy, que se
popularizou.
Todos os modelos usados nos anos 50 e 60 são usados ainda
hoje.
Na década de 70, o uso de chapéus do estilo hippie e boho se
mantém. E cada vez mais o chapéu passa a ser usado por fins utilitários
(aquecer a cabeça no frio, proteger do sol, do vento e da chuva). Mesmo as
mulheres mais maduras e mais ricas começam a usar menos o chapéu para fins de
status, mesmo os modelos associados à alta costura. Eles acabam sendo mais
deixados para ocasiões especiais, como por exemplo festas e casamentos. E
continuam, é claro, existindo em eventos e solenidades da família real
britânica.
Os Chapéus da Alta Costura
As grandes maisons
criadas por grandes costureiros – e consolidadas como marcas – como Chanel, Yves
Saint Laurent e Christian Dior, continuam trazendo chapéus em seus desfile e
coleções. Isso se mantém ao longo de toda a década de 60. Continuam presentes
nessa moda de alta costura os mesmos chapéus dos anos 50, em especial os
relacionados ao New Look: o Mushroom, o Lampshade Hat, o Cartwheel.
Mushroom e Cartwheel: ainda presentes na Alta Costura
Lampshade hat: ainda em alta.
O Cloche ainda marca presença, tanto
na versão quadrada Bucket (também
chamado de Peach Basket), quanto
naquela parecida com os anos 20, de copa redonda, e que foi usado também nos
anos 50. Os pequenos também continuam aparecendo, como o Calot, o Half Hat e
alguns modelos do que chamamos de casquete.
Cloches dos anos 60
Cloches dos anos 70
O Pillbox continua
ícone de estilo, principalmente por influência de Jackie Kennedy. Nos anos 60,
os de tamanho mini já estão em baixa. Os mais populares são os maiores, e
muitas vezes até com copas mais altas. Nos anos 70, eles praticamente já não
são mais vistos, a não ser no uniforme de aeromoças.
O Pillbox continua ícone de estilo por causa de Jackie Kennedy
Pillbox dos anos 60: copa mais alta
Os turbantes ainda são usados, mas não mais com a mesma
popularidade.
Muitas mulheres mais velhas, mesmo as que não eram ricas,
ainda tinham o costume de usar chapéu na igreja. Isso era muito comum na
comunidade negra, durante os anos 60. Nos anos 70, isso já deixa de ser visto
com a frequência das décadas anteriores.
Os Chapéus da Contra Cultura
Nos anos 60, os mais jovens, de um modo geral, não tinham
mais o hábito de usar chapéus. Com exceção dos que se engajavam em movimentos
de contracultura. Nessa década, o movimento Beatnik
traz de volta as boinas de modelo Beret,
que foram popularizadas pela modelo Twiggy. Alguns modelos de Beret e Tam Hat também chegaram a ter alguma associação a movimentos de
esquerda, em alguns momentos, devido à associação com o guerrilheiro Che
Guevara. Esses modelos tinham um estilo um pouco mais próximo de chapéus mais
militares, como os usados por esquadrões especiais. Nos anos 70, muitos modelos
de Beret e Tam Hat aparecem também em tricô e crochet.
O movimento Beatnik trouxe a Beret de volta à moda nos anos 60
As boinas foram popularizadas pela modelo Twiggy
Tam hats dos anos 60
As boinas, em alguns momentos, também ficaram associadas a movimentos de esquerda e guerrilheiros como Che Guevara.
Boinas de tricô e crochet eram muito usadas nos anos 70
O movimento hippie,
surgido nos anos 60 e ainda muito popular nos anos 70, também teve alguns
modelos de chapéus associados a ele. O Floppy,
popularizado pela Atriz Faye Dunaway, era um deles, sendo até hoje associado ao
estilo Boho. Geralmente era feito de
feltro, e usado com cabelos longos e soltos. Nesse contexto, também é possível
ver o Cartwheel, mas apenas
consolidado como chapéu de sol, usado na praia, como vinha acontecendo nos anos
50. Esses chapéus de sol eram sempre feitos de palha ou material trançado
semelhante. Também havia variações dele com ondulações na aba, como Floppy de sol.
Faye Dunaway e Brigitte Bardot usando o Floppy
O gorro de lã também aparece como um modelo de chapéu hippie,
em tricô ou crochê. O Cloche também
teve sua versão Hippie e Boho, sendo usado pelas jovens de forma confortável e
despretensiosa. As boinas estilo NewsBoy
Hat também aparecem remodeladas, como uma espécie de híbrido entre esse
modelo tradicional e o Tam Hat. A
copa era igual à do Tam Hat, mas com
a aba do NewsBoy Hat. Esses chapéus
eram chamados de Cabby Hat, e foram
muito populares nos anos 70.
Cabby Hats: muito populares nos anos 70
Todos os chapéus associados ao Boho e o movimento hippie eram
simples e confortáveis. Eram pouco enfeitados, ou muitas vezes nem tinham enfeites.
O movimento hippie também trouxe a esse estilo outros
acessórios como: coroas de flores, bandanas, e headbands de variados modelos. Geralmente as headbands eram de
materiais naturais, como couro, camurça ou mesmo de correntes ao estilo
medieval. Algumas eram muito simples, com tiras trançadas, e outras apareciam
também enfeitadas com flores. A bandana foi muito popularizada pelo cantor
Jimmy Hendrix.
Headbands e coroas de flores eram populares no movimento hippie
O estilo dos anos 50 foi uma continuação dos anos 40, e do
período pós guerra, em especial. Na época da Segunda Guerra, as mulheres usavam
chapéus para ter mais variações de guarda roupas, para manter o ânimo durante o
conflito e também para cobrir o cabelo sujo.
No início dos anos 50, ainda se segue as tendências da década
anterior, em especial do final dela. Mas é nessa época que começa a acontecer
também algo curioso e pouco explicado ainda hoje por estudiosos: o uso do
chapéu começa a decair. A verdade é que, ao poucos, depois da Segunda Guerra
Mundial, o chapéu foi perdendo sua importância e papel social, e seu uso foi
decaindo. Nos anos 50, já existia uma tendência entre as gerações mais jovens
de não usar o chapéu. Especialmente para quem tinha menos de 20 anos de idade.
Tanto nessa década quanto nas seguintes, ele seria mais usado pelas classes
mais altas, que consumiam moda de alta costura. E também deixado cada vez mais
para ocasiões especiais.
Mulheres mais jovens, e de classes mais baixas (ou classe
trabalhadora) evitavam o uso de chapéus, exceto para ir à igreja ou fazer
compras, assim como também as que seguiam tendências mais modernas de moda. As
mulheres que continuavam a usar chapéus eram geralmente mais maduras e mais
ricas, vivam em grandes centros urbanos ou tinham posição de status social.
Apesar de o uso dos chapéus ter decaído a partir da década de
50, e também de serem frequentemente deixados para ocasiões especiais, os
modelos usados nessa época continuam sendo usados ainda nos dias de hoje.
A tendência de penteados bufantes no final da década também
contribuiu para a queda do uso de chapéus. Em 1958, foi registrada uma queda de
37% nas vendas de chapéus nos EUA. Alguns modelos de copa grande conseguiram se
manter em alta, por poderem ser usados com penteados bufantes, como o Lampshade Hat, e o Cloche quadrado usado já nos anos 30 e 40, inspirado no Bonnet vitoriano e também chamado de Bucket ou Peach Basket. Esses modelos continuariam em alta também nos anos 60
(mas não teriam o mesmo sucesso com as gerações jovens).
O cloche e outros modelos que acomodavam penteados bufantes foram favorecidos no final da década
Continuavam populares nos anos 50, especialmente no início da
década, chapéus de tamanho pequeno, como o Mini Pillbox e outras versões desse chapéu, e também outros modelos
pequenos, como o Half Hat, o Calot, o que seria chamado no Brasil de
Casquete (o nome só existe no Brasil, e se refere a um chapéu pequeno e sem
abas, frequentemente chamado em outros países de Cocktail Hat).
Modelos pequenos continuavam populares
Apesar dessa popularidade dos tamanhos pequenos, os chapéus
de abas largas também ressurgiram ao final dos anos 40, juntamente com o New Look. E assim, modelos como o Cartwheel e o Mushrooom Hat voltam a se destacar, e ganham fôlego a partir de
meados dos anos 50. Estes chapéus se tornam ícone de estilo e elegância, assim
como chapéus que imitavam formatos de pratos.
Os chapéus eram feitos de palha, feltro, veludo, telas, renda
e cetim. Alguns modelos de inverno também eram feitos com pele. Eram usados nas
mais variadas cores, e combinados com a mesma cor da roupa.As penas eram muito usadas para os enfeites.
Outros enfeites comuns eram contas, laços, flores e voilettes. Os chapéus e
acessórios eram presos com elásticos, pentes e presilhas.
Diferentes chapéus de veludo para mulheres maduras
Pillbox
Assim, como na década anterior, o pillbox continua sendo um sucesso. Os tamanhos mini continuam muito
em alta, mas versões de tamanho compatível ao tamanho da cabeça (assim como nos
anos 30 e 60) também são muito comuns. Alguns deles ganham alguns centímetros a
mais na copa, que aparece um pouco mais alta.
O Pillbox era muito popular em tamanhos mini
A popularidade do pillbox
cresceu tanto, que ele continuaria sendo usado na década seguinte, transformado
em ícone de estilo graças a Jackeline Kennedy.
O pillbox muitas
vezes era usado com o Tailleur (terninho feminino popularizado por Coco
Chanel), e essa combinação era sinônimo de elegância.
O Pillbox costumava ser usado com tailleur, e era sinônimo de elegância.
Alguns modelos eram simples e sem enfeites. Outros eram
enfeitados com contas flores, franjas, drapeados, frutinhas e enfeites
delicados. Muitos deles possuíam voilettes.
Os modelos de Pillbox eram comumente enfeitados com pregas e drapeados. Muitas vezes possuíam voilette.
Um uso curioso desse modelo de chapéu, em meados da década,
era um mini pillbox, usado na parte
de trás, cobrindo o coque, geralmente com um lenço amarrado que caía na direção
dos ombros. Seguindo essa mesma tendência, também se usava lenços no lugar
desse mini pillbox, assim como
pequenos acessórios semelhantes feitos de crochê ou de tecido. Esse acessório
era chamado de Chignon Cap.
O Chignon Cap era um "falso" mini pillbox, usado na parte de trás do cabelo para cobrir o coque
As Boinas
Assim como nas décadas anteriores, as boinas continuam em
alta: Beret e Tam Hat. Usadas desde os anos 20, agora elas possuíam um
diferencial: algumas vezes eram enfeitadas com contas, pérolas e miçangas, ou
mesmo tinham alguns enfeites simples de cores contrastantes (como tiras,
tranças e laços).
Os modelos de Beret e Tam Hat muitas vezes eram enfeitados com laços. Alguns eram bordados com pérolas ou miçangas.
A partir da metade da década, até o fim dos anos 50, as
boinas vão perdendo a popularidade.
Cloche
O cloche ainda era
usado nos anos 40, mas já não fazia o mesmo sucesso. Já havia modelos mais
quadrados, inspirados em modelos de bonnet
vitoriano. Em 1953, Christian Dior decide fazer um revival do cloche,
trazendo esse modelo quadrado, que lembrava muito pouco do modelo original dos
anos 20. A copa era mais profunda, e adicionava alguns centímetros à altura da
cabeça. Além disso, não era tão justa na cabeça.
Esse modelo quadrado de cloche
muitas vezes era também chamado de bucket
ou de Peach Basket. Eles eram
vendidos em uma variedade de tons pastéis coloridos (candy colors). Feitos de
feltro, veludo, ou mesmo com textura de peles. Os enfeites eram minimalistas,
como uma tira de fita com um broche, por exemplo. Os primeiros modelos, muitas
vezes tinham a copa um pouco mais arredondada, com abas curtas. Os posteriores
tendiam cada vez mais a uma copa mais achatada e angulosa.
Também chamado de bucket, o cloche dos anos 50 tinha um formato mais quadrado, diferente dos usados nos anos 20
Com a moda dos penteados bufantes do final dos anos 50, o cloche, que acomodava penteados altos,
teve o uso favorecido.
A moda dos penteados bufantes favoreceu o cloche e outros modelos que acomodavam penteados altos.
Turbantes
Usados desde os anos 20 e 30, o turbante continua uma
tendência, em especial os chapéus com esse formato. O uso de lenços com essas
amarrações se torna menos comum do que o uso de chapéus (ambos muito usados nos
anos 30 e 40). Eram usados à noite, e geralmente feitos de veludo ou cetim.
Muitas dobras e pregas torcidas no topo davam um ar elegante e dramático. A
decoração se tornou simples e minimalista, se resumindo a pregas, ou com um
broche de pedras no topo. O estilo desses turbantes influenciou outros modelos
de chapéus, e muitas dessas pregas também eram vistas em outros chapéus.
O turbante dos anos 50 era cheio de pregas e dobras, e frequentemente enfeitado com um broche
Chapéus pequenos: Juliet Cap ou Calot, Casquetes e Half Hats
Seguindo as tendências da década anterior, diferentes modelos
de chapéus pequenos faziam sucesso. Em especial, o calot, o half hat e
modelos que seriam conhecidos no Brasil como casquetes (chapéus pequenos e sem
abas, geralmente chamados em outros países de cocktail hats), além de caps
em geral.
Diferentes modelos de chapéus pequenos faziam sucesso
O Calot, já usado
desde os anos 20 e 30, passa a ser usado em um estilo mais “Julieta” (esse
modelo também é conhecido como “Juliet
Cap”), ou um estilo mais “italiano” como também era chamado. Costumava
ficar na parte de trás da cabeça, cobrindo boa parte dela. Vem daí o nome
“coquinho”, como ficou conhecido no Brasil. É o estilo usado por Audrey Hepburn
no filme “Sabrina”. Muitas vezes, o modelo que cobria a maior parte da cabeça também era chamado de Helmet. Frequentemente, os caps possuíam voilettes, que buscavam atrair
a atenção para os olhos, muito mais do que cobri-los. Eram encontrados em
diferentes cores.
Diferentes modelos de caps eram muito populares
Audrey Hepburn usando o Juliet cap no filme "Sabrina"
O Juliet Cap dos anos 50 costumava ficar na parte de trás da cabeça, e era encontrado em praticamente todas as cores
Um modelo interessante de cap,
ou chapéu pequeno, emblemático dos anos 50, foi o Circle Hat. Era um chapéu em forma de círculo, criado por Lilly
Darché em 1953, que muitas vezes consistia em uma sobreposição de vários
círculos de tecido ou feltro.
O Circle Hat consistia em uma sobreposição de vários círculos de tecido
O Half Hat, que
significa “meio chapéu”, foi um modelo que, como o nome diz, cobria meia
cabeça. Ou menos. Alguns modelos de Half
hats ou similares também chegaram a ser chamados de Bandeau, e tinham um formato semelhante a uma tiara. Esses modelos
também eram chamados de beaucoiffs ou
whimsies. Eram modelos leves e não
incomodavam a quem usava. Um outro modelo comum dentre esses tipos de chapéus
pequenos era o Crescent Hat, muito
semelhante ao Half Hat, com um
formato semelhante ao da lua crescente.
Diferentes modelos de half hats, crescents e caps eram populares. A maioria possuía voilette.
Alguns modelos de Half Hats pareciam tiaras e também eram chamados de Whimsies, ou mesmo Bandeau
O Crescent era muito semelhante ao Half Hat e tinha formato de lua crescente
Era comum ver esses diferentes modelos de chapéus pequenos cobertos
de penas, o que dava a impressão de pequenas perucas sobre o cabelo de quem os
usava. Muitos modelos eram decorados com flores (às vezes muitas flores, e até
cobertos delas), mesmo durante o inverno. Essa tendência surgiu a partir da
coroação da rainha Elizabeth II, em 1954. Era muito comum ver diferentes
modelos de caps decorados
inteiramente com flores.
Chapéus pequenos decorados com penas davam a impressão de pequenas perucas
Muitos modelos de chapéus pequenos eram decorados com flores
Cartwheel
No final dos anos 40, período pós guerra, o Cartwheel tem um revival promovido por Christian Dior, e aparece associado ao estilo
New Look, passando a ser um símbolo
de elegância. O New Look foi
referência e influenciou a moda de toda a década de 1950. Na maioria das vezes,
por questões práticas, esse modelo foi adaptado e teve as abas reduzidas para
facilitar o dia a dia das mulheres que o usavam. Eram decorados de forma
simples com fitas e laços.
O Cartwheel foi símbolo do New Look
Eram feitos de feltro, palha, tela, renda, seda e outros
materiais. Eles eram muito úteis para proteger o rosto do sol. Por isso, muitos
dos modelos feitos em palha passaram a ser conhecidos também pelo nome de Sun Hats. Muitas vezes possuíam uma copa
bem rasa. Normalmente os modelos feitos de palha eram usados em cores como
preto, vermelho, amarelo, azul e branco. Quase nunca na cor natural da palha.
Sempre combinados com a cor da roupa.
Por proteger o rosto do sol, o Cartwheel muitas vezes acabou conhecido pelo nome de Sun Hat
Outros chapéus de aba larga: Mushroom, Lampshade e formatos
de prato
O New Look de Christian Dior não só promoveu um revival do Cartwheel, como também do Mushroom,
o chapéu com formato de cogumelo. O modelo que ficou conhecido como o “Mushroom do New Look” era bem diferente dos outros chapéus de formato de
cogumelo usados nos século XX e nos anos 20. Era realmente grande e de abas
largas.
Modelo dos anos 50, que ficou conhecido como "Mushroom do New Look"
Audrey Hepburn usando o Mushroom Hat
Nessa década, também surgiram modelos de chapéus inspirados em
pratos, e.... Também com nomes de pratos: Plate,
Platter, Saucer, como eram chamados, eram chapéus semelhantes a uma espécie
de pillbox gigante, mas raso (um
chapéu de formato circular, de copa quadrada e sem abas, mas com profundidade
pequena), e muitas vezes eram confundidos com o Mushroom ou mesmo chamados por esse nome. Lembravam pratos rasos,
pratos fundos ou tamborins, com o topo da copa achatado e reto. Havia modelos
de vários tamanhos, desde os pequenos, pouco maiores do que a cabeça, a tamanho
realmente grandes, que pareciam chapéus de abas largas. O tamanho foi crescendo
ao longo dos anos.
Alguns chapéus em formato de prato pareciam tamborins, e lembravam pillbox em tamanho grande
Alguns modelos eram grandes, de abas largas, e muitas vezes confundidos com o chapéu Mushroom.
Os enfeites desses modelos de prato variavam: podiam ser
discretos, simples e minimalistas, ou chamativos. Os modelos chamativos eram
decorados com pregas e babados, além de camadas de penas. Alguns traziam
enfeites de broches.
O outro modelo também, erroneamente, chamado de chapéu de
prato era o que ficou conhecido como Coolie,Coolier, ou Sedge Hat. Inspirado no chapéu de
agricultores vietnamitas, é um chapéu cônico de origem asiática. Também se
tornou popular nos anos 50, e geralmente era usado com voilette. Anos depois, o
termo “coolie” foi considerado pejorativo e racista. O melhor então seria
chamar de algum termo menos ofensivo, como Sedge
Hat, ou mesmo chapéu cônico ou chapéu vietnamita.
Popularizado nos anos 50, o Sedge Hat é um chapéu de origem vietnamita
Outro símbolo do New Look foi o Lampshade Hat. É um modelo de chapéu que se parece com uma
luminária ou abajour, lembrando um
cone, mas com o topo da copa reto. Lembra tanto o modelo pillbox quanto o modelo Peach
Basket, também conhecido como bucket
(em português, "balde"). Algumas vezes, o termo lampshade também já foi usado erroneamente para descrever os
modelos Sedge Hat e Mushroom.
Audrey Hepburn usando o Lampshade Hat
No início, o Lampshade
foi visto com estranheza, mas ao longo da década, ele fez muito sucesso e se
consolidou, e por volta de 1956, passou a fazer mais sucesso do que o Mushroom tradicional. Ele continuou
sendo muito usado também ao longo dos anos 60. Esse modelo aparecia tanto nas
versões simples quanto nas decoradas.
Outros Acessórios a destacar
Outro acessório diferente da época, que não deixa de ser uma
espécie de chapéu era o frame hat. Algumas
vezes também chamado de Ring Hat, ele
nada mais era do que uma espécie de pillbox
sem o tampo, um chapéu aberto. Era uma tira que rodeava a cabeça, sem o tampo,
feita de diferentes materiais e com enfeites variados. Podia ser feito em
telas, feltro, veludo ou cetim. Muitas vezes enfeitadas com flores, laços,
fitas ou pregas de tecidos.
O Frame Hat costumava ser enfeitado com laços, e geralmente era usado com voilette
Como já sabemos o voilette estava presente em muitos dos
chapéus. Mas é interessante observar que mesmo nos anos 40, ele já era usado
sem o chapéu. Muitas vezes com flores, ou mesmo sozinho. Nos anos 50, isso não
deixou de existir. É interessante perceber que, nessa década, usava-se modelos
de cabeça inteira, ou seja: que cobriam toda a cabeça, incluindo o rosto e a
parte de trás. Muitas vezes, chegava à altura do queixo. Boa parte das vezes,
esse modelo era acompanhado de flores. Algumas vezes era usado sozinho, ou com
um chapéu pequeno, ou mesmo com um frame
hat.
Modelos de voilette eram usados cobrindo na cabeça inteira
Além da chapelaria, volta a aparecer a tiara. Tudo por
influência da rainha Elizabeth II, coroada em 1953. Ícone de estilo, a rainha
impulsionou o Lady Like e o “estilo
princesa”, que estava em alta na época. A coroação influenciou a volta do uso
de tiaras em festas, especialmente as feitas com joias, pérolas e brilhantes,
como nos anos 20.
Elizabeth Taylor e Audrey Hepburn usando tiaras de joias