O chapéu é um acessório muito antigo, e além de proteger, identificava origem social, religião, nacionalidade e ideias políticas de seu dono. A palavra vem do latim, "cappa", "capucho", que significa peça usada para cobrir a cabeça. Há quem diga que surgiu na pré-história, no período neolítico, usado pelo homem para proteger do sol, do frio e da chuva. Era de palha ou de pele de animais. Era atribuído aos homens, responsáveis pela tribo ou clã. Depois, passou a existir diferenciações de níveis sociais: reis usavam coroas, os sacerdotes usavam mitra e os guerreiros elmo. No início, seria uma espécie de gorro feito de couro ou de tecido, em que os antigos turbantes já apareciam em cerca de 4.500 a.C. Em torno de 3.000 a.C., na Mesopotâmia, surgem modelos de chapéu intermediários entre elmo e capuz, que se transformam em modelo mais aprimorado por volta de 2.000 a.C. Nesse período, passa a ser um símbolo militar, sacerdotal, de dignidade e nobreza, no Antigo Egito. A mitra dos faraós tinha significado místico.
Além do
antigo Egito, também se usava modelos ancestrais do chapéu na Babilônia e na
Grécia, através do uso de faixas, que prendiam o cabelo e protegiam a cabeça. A
faixa estreita, colocada em torno da copa dos chapéus modernos é remanescente
desse tipo de adorno. Surgem, então, turbantes, tiaras e coroas, usados por
nobres, sacerdotes e guerreiros, como símbolo de status social. Mas o modelo
antigo mais próximo do atual é o Pétaso (petasus), usado por volta do ano 2.000
a.C. É um modelo grego, de copa baixa a
e abas largas, usados em viagens como forma de proteção. Feito de feltro macio
ou de peles, era ajustável e podia ser retirado com facilidade; e perdurou na
Europa por toda a Idade Média (476 a 1453). O pétaso foi exportado para Roma,
graças aos atores de comédia latina, e ganhou sua versão romana, através do
capucho. Mas o pétaso acabou mais restrito aos palcos do que ao uso rotineiro
em Roma.
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O pétaso é um modelo grego e , dentre os antigos, mais próximo do nosso atual. |
Os
romanos criaram também o capacete. Por volta do ano 1.000 a.C., os escravos romanos
eram proibidos de usar chapéus. Mas quando eram libertados, passavam a adotar o
pileu, uma espécie de barrete, um boné em forma de cone, com a ponta caída para
o lado, em sinal de liberdade. Esse modelo foi revivido durante a Revolução
Francesa, e rebatizado de "Bonnet Rouge", símbolo do Partido
Republicano Francês. O capuz também foi muito usado durante a Idade Média.
Os
chapéus como conhecemos hoje surgem a partir do século XIV, quando se tornam um
acessório de moda, usados pelas classes nobres para expressar sua vaidade. Eles
ganham uma função mais estética, e surge a cultura do chapéu. A partir da época
da Renascença, o acessório adquire os mais variados formatos e passa a ser
ricamente enfeitado. Nesta época, surgem também as boinas, na Itália.
Já o
chapéu feminino teve uma trajetória diferente. Na Idade Média, as imposições
religiosas obrigavam as mulheres a cobrir completamente os cabelos. Os véus de
noiva e as mantillas das espanholas são um resquício dessa época. Para prender
o véu, usava-se uma faixa sobre o queixo e outra sobre a testa. No final da
Idade Média, as mulheres passam a usar armações de metal sob o véu. Por volta
de 1500, passa-se a usar capuzes enfeitados com joias e bordados. Muitos outros
tipos surgiram até o século XVIII, quando surgem as primeiras chapelarias
(lojas especializadas) que utilizavam diversos materiais, como palha, tecido, e
diferentes enfeites.
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Na Idade Média, as mulheres usavam véus. Com o tempo, passaram a usar armações de metal para prendê-lo. |
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Modelos de chapéus da Renascença. |
Após a
Revolução Francesa, surgiram os gorros de abas largas, com uma fita ou faixa
usada para dar um nó no queixo. Eram confeccionados com diferentes materiais e
enfeitados com plumas e adornos diversos. Por volta de 1860, esses gorros foram
substituídos por chapéus de tecido, presos com grampos, e se tornaram muito
populares. Nas primeiras décadas do século XX, os chapéus, masculinos e
femininos, tiveram muitas variações de modelos. Por volta dos anos 1900, a etiqueta exigia de uma senhora que não saísse sem chapéu. Os chapéus das
modistas eram peças únicas, trabalhadas à mão. Usar um chapéu de modelo único
era sinônimo de riqueza. Na Belle Époque, as mulheres usavam chapéus enormes,
ornamentados com plumas, flores, rosetas ou pássaros.
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Na Belle Époque, uma senhora não saia sem chapéu. |
O acessório passou a ser menos utilizado depois dos anos 40, especialmente nos
países mais quentes. Mas continuou sendo um símbolo de proteção para a cabeça e
ainda dá estilo e personalidade ao visual. Em muitos eventos formais, como os
da família real britânica, ou mesmo as corridas de cavalos (turfe) em Jóquei
Clubes e casamentos, o chapéu ainda é um acessório quase indispensável. Os
eventos mais conhecidos pela variedade e extravagância de chapéus no turfe são
o Kentecky Derby, nos EUA; e o Royal Ascot, na Inglaterra (famoso pelos chapéus
extravagantes das frequentadoras). A Madame Vintage tem alguns modelos de
chapéus, feitos à mão. Passe na loja e confira: www.madamevintage.com.br/
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O Royal Ascot é famoso pelos chapéus extravagantes de suas frequentadoras. |
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