segunda-feira, 24 de abril de 2017

Estilo Vitoriano e a moda de luto




Eu já falei em outro post sobre o estilo vitoriano e a moda da época. Neste post, eu vou falar um pouco mais sobre a moda e os costumes ligados ao luto. Como já falei no outro post, o príncipe Albert morre em 1861, e a Rainha Vitória decide entrar em luto pelo resto de sua vida. E isso influenciou profundamente a moda daquela época.


A etiqueta de luto era algo considerado muito importante, e muito cobrado das mulheres socialmente. As regras de luto representavam os sentimentos de uma família, e se desrespeitadas ou quebradas, isso seria considerado imoral e escandaloso.


Naquela época, a morte era uma coisa muito próxima à realidade das pessoas. A expectativa de vida era muito curta. Nas classes mais altas, era de 44 anos; e na classe trabalhadora não passava dos 22. As pessoas morriam em casa, o que estimulava a criação de rituais na família. Um dos costumes mais mórbidos e estranhos era o de fotografar o falecido junto de sua família. Isso acontecia porque a fotografia ainda era cara, e nem todos conseguiam pagar para tirar fotos da pessoa enquanto ainda estava viva. 

Anúncio de luto no jornal.
 

Existia o luto profundo, também chamado de luto fechado, e o meio-luto. O luto fechado era usado em caso de morte de parentes de primeiro grau e também do marido. Um caso de falecimento do marido, o tempo era de dois anos, e a viúva deveria evitar socializar durante esse período. Nesse caso, as roupas precisavam ser totalmente pretas. Os vestidos de luto profundo eram feitos de seda ou bombazina (um tecido de algodão que se parece com veludo), com punhos de crepe, além de um véu pesado e em cor preta, que cobria o rosto da mulher. O uso de joias era proibido. O período de uso dos punhos de crepe e do véu durava um ano. Nos primeiros seis meses do segundo ano, ela podia usar colarinhos de renda preta e crepe, e um véu curto, que ainda lhe cobria o rosto, feito de tule. Ou podia usar o véu longo sem cobrir o rosto, pois já não era mais obrigada a cobri-lo nesta fase. Nos últimos seis meses do segundo ano, o crepe podia ser removido. Iniciava-se o período de meio-luto, com cores que iam do cinza ao lilás e o branco. A simplicidade severa, sem brilhos, significaria o luto profundo. Nesse caso, também evitava-se babados e frisos, que eram substituídas por dobras lisas. As mulheres eram a as líderes do luto na família, representando socialmente o marido e os filhos, demonstrando sua tristeza pela perda.

Traje de luto fechado.
 
No primeiro ano de luto,
véu comprido sobre o rosto.
 
Nos primeiros seis meses do segundo ano,
a viúva já podia usar um véu curto.

O luto não ficava só nos vestidos. Ele era bem dispendioso: era preciso reencapar livros e bíblias com a cor preta. Lenços, sombrinhas, luvas e qualquer outro acessório de moda tinha de ser preto. E não só isso: os trajes precisavam estar na moda.


Diante de todos estes ritos, é de se esperar que o luto tenha se transformado em mais uma forma de ostentar posição social. Criou-se uma indústria do luto, com toda uma rede de produção e comercialização de artigos para a ocasião, e até mesmo lojas especializadas, que vendiam todo tipo de acessório de luto.

Na imagem, as diferentes fases do luto.
A etiqueta de luto era considerada muito importante e
muito cobrada das mulheres socialmente.
Transformado em uma forma de ostentar posição social.
surge a indústria do luto.
 

No segundo ano do luto fechado, o preto ainda era obrigatório, mas o branco já podia ser usado em punhos e colarinhos. Também era permitido que a viúva se casasse novamente. Era comum que, no segundo dia logo após o casamento, ela voltasse a usar roupas pretas. Após o luto ordinário, as viúvas jovens podiam iniciar a transição para os trajes comuns. Já as viúvas mais velhas seguiam o exemplo da Rainha Vitória e continuavam com o luto ordinário até sua morte.


O luto da Rainha Vitória, levado até o fim de sua vida,
difundiu o uso do véu.
Com o luto da Rainha Vitória, a paranoia com a morte e os ritos de luto ficou ainda maior. Ela entrou em luto profundo e abriu um precedente seguido por muitos de seus súditos britânicos. A rainha era, afinal, um ícone de estilo, que sempre foi copiado e seguido pelas mulheres do Reino Unido. E assim, o preto se torna uma cor mais digna e mais aceita para as mulheres. Elas passam a usar preto mesmo sem estar enlutadas, e a cor se torna sinônimo de elegância. E com isso, alguns elementos da moda do luto, como o véu, e as rendas e adornos na cor preta. Todas as cores acabam por se tornar mais escuras, o que confere à moda da época um ar mais pesado. Não é à toa, que existe um estilo hoje conhecido como vitoriano gótico. Nada mais é do que o vitoriano em tons fúnebres, estilo de muitas mulheres góticas nos dias atuais. Este estilo também sofreu muita influência dos contos de terror góticos, como os vampiros e o Drácula de Bram Stoker, assim como também o Frankenstein de Mary Shelley.

 

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