Eu já falei em outro post sobre o estilo vitoriano e a moda
da época. Neste post, eu vou falar um pouco mais sobre a moda e os costumes
ligados ao luto. Como já falei no outro post, o príncipe Albert morre em 1861,
e a Rainha Vitória decide entrar em luto pelo resto de sua vida. E isso
influenciou profundamente a moda daquela época.
A etiqueta de luto era algo considerado muito importante, e
muito cobrado das mulheres socialmente. As regras de luto representavam os
sentimentos de uma família, e se desrespeitadas ou quebradas, isso seria
considerado imoral e escandaloso.
Naquela época, a morte era uma coisa muito próxima à
realidade das pessoas. A expectativa de vida era muito curta. Nas classes mais
altas, era de 44 anos; e na classe trabalhadora não passava dos 22. As pessoas
morriam em casa, o que estimulava a criação de rituais na família. Um dos
costumes mais mórbidos e estranhos era o de fotografar o falecido junto de sua
família. Isso acontecia porque a fotografia ainda era cara, e nem todos
conseguiam pagar para tirar fotos da pessoa enquanto ainda estava viva.
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Anúncio de luto no jornal. |
Existia o luto profundo, também chamado de luto fechado, e o
meio-luto. O luto fechado era usado em caso de morte de parentes de primeiro
grau e também do marido. Um caso de falecimento do marido, o tempo era de dois
anos, e a viúva deveria evitar socializar durante esse período. Nesse caso, as
roupas precisavam ser totalmente pretas. Os vestidos de luto profundo eram
feitos de seda ou bombazina (um tecido de algodão que se parece com veludo),
com punhos de crepe, além de um véu pesado e em cor preta, que cobria o rosto
da mulher. O uso de joias era proibido. O período de uso dos punhos de crepe e
do véu durava um ano. Nos primeiros seis meses do segundo ano, ela podia usar
colarinhos de renda preta e crepe, e um véu curto, que ainda lhe cobria o rosto,
feito de tule. Ou podia usar o véu longo sem cobrir o rosto, pois já não era
mais obrigada a cobri-lo nesta fase. Nos últimos seis meses do segundo ano, o
crepe podia ser removido. Iniciava-se o período de meio-luto, com cores que iam
do cinza ao lilás e o branco. A simplicidade severa, sem brilhos, significaria
o luto profundo. Nesse caso, também evitava-se babados e frisos, que eram
substituídas por dobras lisas. As mulheres eram a as líderes do luto na
família, representando socialmente o marido e os filhos, demonstrando sua
tristeza pela perda.
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Traje de luto fechado. |
O luto não ficava só nos vestidos. Ele era bem dispendioso:
era preciso reencapar livros e bíblias com a cor preta. Lenços, sombrinhas,
luvas e qualquer outro acessório de moda tinha de ser preto. E não só isso: os
trajes precisavam estar na moda.
Diante de todos estes ritos, é de se esperar que o luto tenha
se transformado em mais uma forma de ostentar posição social. Criou-se uma
indústria do luto, com toda uma rede de produção e comercialização de artigos
para a ocasião, e até mesmo lojas especializadas, que vendiam todo tipo de
acessório de luto.
No segundo ano do luto fechado, o preto ainda era
obrigatório, mas o branco já podia ser usado em punhos e colarinhos. Também era
permitido que a viúva se casasse novamente. Era comum que, no segundo dia logo
após o casamento, ela voltasse a usar roupas pretas. Após o luto ordinário, as
viúvas jovens podiam iniciar a transição para os trajes comuns. Já as viúvas
mais velhas seguiam o exemplo da Rainha Vitória e continuavam com o luto
ordinário até sua morte.
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O luto da Rainha Vitória, levado até o fim de sua vida, difundiu o uso do véu. |
Com o luto da Rainha Vitória, a paranoia com a morte e os
ritos de luto ficou ainda maior. Ela entrou em luto profundo e abriu um
precedente seguido por muitos de seus súditos britânicos. A rainha era, afinal,
um ícone de estilo, que sempre foi copiado e seguido pelas mulheres do Reino
Unido. E assim, o preto se torna uma cor mais digna e mais aceita para as
mulheres. Elas passam a usar preto mesmo sem estar enlutadas, e a cor se torna
sinônimo de elegância. E com isso, alguns elementos da moda do luto, como o
véu, e as rendas e adornos na cor preta. Todas as cores acabam por se tornar
mais escuras, o que confere à moda da época um ar mais pesado. Não é à toa, que
existe um estilo hoje conhecido como vitoriano gótico. Nada mais é do que o
vitoriano em tons fúnebres, estilo de muitas mulheres góticas nos dias atuais.
Este estilo também sofreu muita influência dos contos de terror góticos, como
os vampiros e o Drácula de Bram Stoker, assim como também o Frankenstein de Mary
Shelley.
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