A boina é um chapéu clássico, que teve seu auge entre os anos
20 e 40 (mais especialmente entre os anos 30 e 40), e reapareceu nos anos 60.
Ao longo da História, foi sinônimo de rebeldia e subversão. Nem todo mundo
sabe, mas existem diferentes modelos, com diferentes nomes; e no Brasil, todos
eles são chamados de boinas. Mas fora do Brasil, são chapéus diferentes. Vamos
então conhecer os diferentes modelos e suas histórias.
Beret, a “Boina Francesa”
É a clássica boina “pancake”
(panqueca), em forma de disco. Pode ser moldada em formas de madeira, ou pode
ser costurada. Pode ser artesanal ou industrial. Esse modelo, que em inglês e
francês se chama "beret",
ficou conhecido como "boina francesa", mas na verdade é uma boina
basca. A palavra beret foi usada pela
primeira vez em 1835, e é derivada da palavra latina "birretum".
A história desse chapéu é antiga, e aparentemente, ele já era
usado na Idade do Bronze, em toda a Europa do Norte, por gregos, cretenses,
minoanos, etruscos e romanos. Há quem diga que foram os gregos que levaram este
chapéu para a Espanha.
Este estilo de boina era tradicional dos pastores aragoneses
e navrais, que viviam na região dos Pirineus, uma cordilheira que divide o sul
da França do norte da Espanha. E é justamente por isso que tanto a França
quanto a Espanha compartilham da cultura basca.
A beret usada na
Renascença por aristocratas e pela realeza. Muitas vezes, essas boinas
renascentistas eram feitas de veludo e decoradas com brocados, broches e plumas,
como símbolo de prestígio. O rei da Inglaterra Henrique VIII costumava usar
ricas boinas de veludo em cores pouco comuns, como verde, laranja e amarelo.
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O Rei Henrique VIII usando a boina. |
Este modelo de chapéu começou a se popularizar e se tornar um
símbolo da cultura basca no século XVIII, no sul da França, feita de forma
artesanal. E no século XIX, ela passa a ter uma produção industrializada. Na
década de 1920, estas boinas eram associadas às classes trabalhadoras em
regiões da França e da Espanha. Em 1928, elas também começam a ser produzidas
por fábricas italianas, em milhões de exemplares.
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Artesão usando a Beret. |
No início dos anos 20, os americanos usavam a boina francesa
associada ao traje esportivo. A partir dos anos 30, a boina francesa começa a
se destacar, especialmente na moda feminina, e lentamente começa a substituir o
cloche, no posto de chapéu queridinho da época. A boina francesa foi muito
usada nos anos 30 e 40. E era usada por muitas atrizes de Hollywood.
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A Beret nos nos 20 e 30. |
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A boina nos anos 40. |
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Boinas em 1935: Beret e Tam Hat. |
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Divas do cinema usando a Beret: à esquerda, Jean Harlow, Marlene Dietrich, Ginger Rogers, e Lauren Bacall. À direita, Greta Garbo. |
Aliás,
durante a Segunda Guerra Mundial, a resistência francesa adotou a beret como símbolo do movimento. Mas
essa não é a única ligação da boina francesa com as guerras, já que ela oi
adotada pelas forças armadas de diferentes países, desde a primeira guerra
mundial, e depois passou a ser usada principalmente por esquadrões de operações
especiais. Exemplo disso são os chasseurs belgas Ardennais e os franceses
Chasseurs Alpins; ou ainda os Green
Berets (EUA), os Black Berets
(USA Rangers), e os UN Blue Berets. Ela
foi adotada até mesmo pelo guerrilheiro Che Guevara. A beret acabou se tornando um símbolo de rebeldia e subversão.
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O guerrilheiro Che Guevara também adotou a boina. |
Nos anos 60,
ela volta a fazer sucesso juntamente com a cultura beatnik.
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Nos anos 60, a Beret volta a fazer sucesso, juntamente com a cultura Beatnik. |
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As atrizes Brigitte Bardot e Faye Dunaway (no filme "Bonnie e Clyde"), usando a Beret. |
A típica
boina francesa é em cor preta, enquanto a típica espanhola basca é em azul
marinho ou em vermelho.
O Tam Hat
O Tam Hat é uma
variação de um chapéu escocês, uma versão feminina do Tam o'Shanter. Há quem acredite que o tam o'shanter é uma espécie de variação ou "prima" da beret, e que elas se parecem devido ao
fato de a boina ter sido muito usada por pescadores, ou ainda por conta da
influência dos romanos na Europa. Esse modelo de boina escocesa já era usado no
século XVI, por homens ricos e seus criados; mas só se tornou popular no século XIX, por
causa de um poema de Robert Burns, que foi justamente o que lhe deu este nome.
O Tam O’Shanter é um chapéu de lã, geralmente confeccionado
em feltro, de diversas cores, mas tendo como tradicional a de cor azul, e com
um pompom no topo. Também é muito tradicional em estampa tartan (xadrez
escocês), que começou a ser produzido nos século XIX. Na maioria das vezes, o
tam é um modelo com uma copa formada por gomos.
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O Tam O'Shanter. |
Existe ainda uma variação do tam o'sham é um modelo conhecido como balmoral, que é um chapéu tradicional escocês que faz parte da
vestimenta formal, e já existe desde o século XVI. O nome balmoral surgiu no fim do século XIX. Assim como a beret, o Tam o'sham e o balmoral
também foram adotados pelas forças armadas do Reino Unido, na Primeira e na Segunda
Guerra Mundial. Muitas vezes, o balmoral
era descrito simplesmente como um sinônimo de Tam O’Shanter.
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Balmoral: usado pelas forças armadas do Reino Unido. |
No início dos anos 20, a versão feminina do chapéu tam se torna uma forte tendência, por
causa da moda do cabelo curto. O tam hat
aparecia em uma grande variedade de formatos e tecidos. Mas o mais tradicional
é que seja feito com feltro, veludo ou seda. Muitas vezes, eram enfeitadas com
bordados e aplicações, e também com tassles, plumas e broches. Alguns modelos
também eram feitos de peles. No fim dos anos 20, aparecem versões menores,
menos volumosas, que lembravam um outro modelo de chapéu conhecido como “toque”.
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Modelos de Tam Hat dos anos 20. |
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Modelos dos anos 20. |
Nos anos 30, elas fazem sucesso especialmente em diferentes
padronagens de estampas xadrez, e também em crochê ou macramê. A tam hat continuou ainda a ser usada nos
anos 40, juntamente com a beret.
O News Boy Hat
Esse modelo é diferente da beret e do tam hat, mas
também é chamado de boina aqui no Brasil. Ele é mais uma espécie de boné, e tem
uma variação chamada flat cap, que em
vez de gomos, tem a copa mais reta (e daí vem seu nome).
O Flat Cap surgiu
no século XIV, no norte da Inglaterra, e na época, foi chamado de “bonnet”. Em
1571, o parlamento, em conformidade com a lei da rainha Elizabeth, decretou o
uso obrigatório deste modelo a meninos a partir de seis anos de idade aos
domingos. O intuito era incentivar o consumo de lã e o comércio com a Espanha.
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Flat Cap: uma variação do News Boy Hat. |
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Brad Pitt usando o Flat Cap e Brian Johnson, do AC/DC, usando o Newsboy Hat. |
O news boy hat, assim
como sua variação, o Flat cap, era
muito popular na Europa e nos Estados Unidos no século XIX. Predominantemente
masculino, era um modelo popular entre meninos e homens adultos, e associado à
classe trabalhadora.
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Newsboy Hat: um chapéu masculino associado às classes trabalhadoras, no século XIX e também no início do século XX. |
O chapéu ganhou este nome porque ficou associado aos
jornaleiros, por ser muito usado por meninos que trabalhavam entregando jornal.
E significa justamente "chapéu de jornaleiro". Mas era usado por toda
a classe trabalhadora. Era usado por jornaleiros, operários, metalúrgicos,
estivadores, fazendeiros, artesãos, comerciantes e até mesmo por assaltantes.
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Meninos entregadores de jornal. |
Os homens de classes mais "altas" passaram a usar
também o news boy hat, mas apenas
para caça, esportes e golfe.
Nos anos 40, foi um modelo muito usado também pelas mulheres,
que aliás, passaram a usar muitos chapéus que até então eram considerados
masculinos.
Confira o video que eu preparei sobre esse assunto:
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